Atravessou a rua meio apressada, tentando parecer invisível. O bar ficava a poucos metros dali e o coração já havia iniciado o caminho de fuga, querendo sair pela boca. De repente, ela o viu. Encostado com um dos pés na parede, tinha uma das mãos no bolso e a outra no celular. Diminuiu o ritmo dos passos e agradeceu mentalmente à tecnologia, que o faria prestar atenção em outra coisa enquanto ela se aproximava. Já a menos de um metro dele, ele levantou o rosto e a reconheceu. Ela sorriu. Ele também. Ambos entraram no bar. Ela parou no balcão e, enquanto pedia uma cerveja, ele assoprava o cabelo dela, só para pentelhar. Conversaram por alguns minutos, riram, mas era impossível se concentrar de fato. A ansiedade parecia ser palpável. Seu corpo sentia um leve choque elétrico a cada vez que eles se tocavam por acaso e ela tinha que fazer um esforço descomunal para não agarrá-lo a cada vez que a covinha na bochecha dele aparecia. Até que ele ouviu os pensamentos dela, talvez alto demais, e propôs que eles saíssem de lá. Táxi, elevador, portas, roupas jogadas, suspiros, sintonia, um fim que levava a um começo. Havia encontrado um pequeno infinito. Por vezes sentiu-se perdendo a sanidade naquela noite. Por vezes sentiu-se afogar nos olhos dele, naquele misto de azul e verde, que pareciam enxergar muito além do que ela podia dizer. No meio daquela avalanche de sentimentos, decidiu ir embora antes que ficasse presa para sempre no laço daqueles braços. Mas era tarde demais. No caminho de volta para casa, se deu conta: havia esquecido o próprio coração em cima da cama.
Small infinity
She crossed the street in a hurry, trying to be invisible. The pub was a few meters away and her heart had already started the escape route, wanting to get out through the mouth. Suddenly, she saw him. Leaning with one foot on the wall, he had one hand in his pocket and the other one on the phone. She slowed down the rhythm and mentally thanked the technology, which would make him to focus on something else as she approached. When she was less than a meter of him, he looked up and recognized her. She smiled. He too. Both entered into the pub. She stopped at the counter and asked for a beer, while he blew her hair, only to annoying. They talked for a few minutes, laughed, but it was impossible to concentrate in fact. The anxiety seemed to be palpable. Her body could feel a slight electric shock every time they touched each other by accident and she had to make an enormous effort not to grab him every time the cute dimple in his cheek appeared. Until he hear her thoughts, perhaps too loud, and invite her to go to somewhere else. Taxi, elevator, doors, clothes thrown, sighs, tuning into touches, an end leading to a start. She had found a small infinite. A few times she lost sanity. A few times she felt drowning in his eyes, that mix of blue and green, which seemed to see her beyond what she could say. In the middle of this flood of feelings, she decided to leave before she got stuck forever in the knot of his arms. But it was too late. On the way back home, she realized: she had forgotten her own heart on the bed.
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