17 dezembro 2009

Felicidade

Hoje, indo embora para casa, estava repassando mentalmente tudo o que tinha para fazer. Pensava nos trabalhos da faculdade, no estresse da semana inteira.

Atravessei a rua e não percebi que uma mulher vinha andando em minha direção. Loira, com estatura mediana, aparentava uns 45 anos. Me deparei com ela reclamando da vida para alguém no telefone. Em voz alta. Ela não estava fazendo questão alguma de esconder o quanto estava infeliz.

Pior de tudo (ou não), tive que andar ao seu lado por um trecho da calçada. Mesmo com o volume do mp3 no máximo, tive que ouvir que o carro dela estava quebrado há um mês, que o marido estava desempregado e sua mãe precisava ir morar com ela. Quando surgiu a possibilidade de eu ficar com pena da situação, dei 10 passos e avistei um homem. O sujeito moreno e sorridente estava em uma cadeira de rodas. Passou ao meu lado sorrindo e disse "bom dia", com tanta intensidade, que não teve como não devolver no mesmo sorriso. Ele parecia realmente feliz.

Quais os problemas que eu ou aquela mulher tínhamos mesmo? Não havia maior lição de vida do que aquela que acabara de passar por mim.
Nessa hora comecei a pensar nos "problemas" que eu imaginava ter. Tolice. O dia estava lindo. Sol fraquinho, com um calorzinho suave, como eu gosto. Na faculdade, consegui terminar meus trabalhos do dia dentro prazo, contamos piadas e rimos até perder o fôlego. Fui abraçada, ganhei beijos, re-vi amigos.

Cheguei ao meu prédio e subi no elevador dando risada. Aquele homem mudou meu dia. Me fez pensar que no poder de um simples sorriso. Nas pequenas coisas do dia-a-dia que realmente nos fazem mais feliz.

Carro? Sim, conveniência é bom, mas fazer uma caminhada e aproveitar o dia, ou andar saculejando no bonde com os amigos, vale mais. Se a gente enxergar os problemas como coisas mínimas, tudo fica melhor. O que vale a pena mesmo na vida é aquele telefonema que a gente não espera. Fazer alguma coisa por alguém e receber aquele abraço de agradecimento sem igual. Ter amigos, rir com eles. Sair com tantos outros. Escutar música no último volume, cantar no chuveiro. Ser elogiado, querido.

Achar dinheiro no bolso da calça do qual você nem lembrava mais. Receber um e-mail de resposta ao seu que parecia não vir. Ouvir uma boa piada. Ou até mesmo uma super sem graça que, de tão ruim, você acaba rindo do mesmo jeito. Andar na praia, ver um nascer do sol, mesmo que seja da janela do quarto.

Assistir um filme que te faz refletir, se emocionar. Ouvir um eu te amo de uma pessoa que realmente importa. Estar com pessoas que te fazem bem. Madrugar e virar a noite em claro por diversão. Ir ao cinema, se entregar à noite. Cometer algumas loucuras, dançar como te der na telha, andar descalço e sentir o chão gelado num dia quente.

Nossa estrada na vida é curta. E a nossa felicidade só depende de mimnós mesmos. Os outros vão influenciar com o que quiserem e com o que puderem. Só cabe a nós decidir o que absorver de tudo isso e até que ponto absorver isso.

As coisas ruins eu procuro jogar fora. Dos sentimentos ruins eu tento me livrar. Eu tenho as pessoas certas ao meu lado e a minha felicidade, eu não procuro, eu crio.

Sabe aquele papel de bala q traz lembranças, aquele e-mail que você re-lê mil vezes, aquele torpedo que chega ao seu celular de surpresa e aquela música que te lembra alguém e não sai mp3? Minha felicidade está aí no meio.

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